Seus olhos cerrados possuíam uma capacidade ímpar em visualizar, nos menores detalhes, as imperfeições da ampla varanda que escorria silenciosamente por debaixo do leito balouçante – esse, com suas tramas descoloradas; castigadas pela brisa cansada, soprada das margens do Potengi.
Lábios espreguiçavam-se encolhidos enquanto a rede imitava, em movimentos lentos, os barcos dispensados nos pesqueiros do norte.
A imaginação fluía contínua por dentre os exíguos aposentos; escapando da cozinha – temperada pelos peixes na telha – e alcançando seu objetivo com estruturas largas e acolhedoras. As formas sinuosas do seu corpo desejavam em silêncio a sobremesa prometida, estendida fria sobre sua nua realidade desperta.
O sol não se punha mais. Nunca. E compartilhava com a lua a rara visão das chamas que consumiam, ardentes, os sonhos no vilarejo.
Lábios espreguiçavam-se encolhidos enquanto a rede imitava, em movimentos lentos, os barcos dispensados nos pesqueiros do norte.
A imaginação fluía contínua por dentre os exíguos aposentos; escapando da cozinha – temperada pelos peixes na telha – e alcançando seu objetivo com estruturas largas e acolhedoras. As formas sinuosas do seu corpo desejavam em silêncio a sobremesa prometida, estendida fria sobre sua nua realidade desperta.
O sol não se punha mais. Nunca. E compartilhava com a lua a rara visão das chamas que consumiam, ardentes, os sonhos no vilarejo.
27/abril/2006
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