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A cena era triste e se repetia anualmente. Findo circuito de palestras, os quatro colegas astrônomos se reuniam em uma pequena mesa no restaurante do hotel; todos desprovidos de qualquer habilidade social ou histórias interessantes que envolvessem algo que não fizesse referências a órbitas solares, constelações distantes ou organismos não constituídos de carbono.

À medida que a noite avançava, acumulava-se, organizadamente, uma quantidade considerável de latas vazias de pepsi light sobre o tampão de vidro; consumidas pelos cientistas estelares com todo o fervor que lhes era peculiar. A discussão em pauta era filosófica - levantada há exatos seis anos por um dos presentes - e mantinha seu caráter inconclusivo eterno. Apesar de tudo, acreditavam ser valida, ainda, tal persistência em explorar o assunto.

Talvez em decorrência da idade – visivelmente bem avançada - ou simplesmente do tédio dessas conversas intermináveis, um dos acadêmicos ousou fugir do tema, e levantou uma questão sombria sobre um dos maiores mistérios da humanidade - maior ainda pra eles: a mulher!

Ele estava, pensava há anos com seus botões, apaixonado – embora não soubesse como usar essa palavra em uma frase ou, mais ainda, como extrair disso tudo sentido algum.

Inicialmente surpresos, os astrônomos se entreolharam, refletidos pelos rótulos brilhantes das latas de alumínio, na esperança de que um buraco negro consumisse a realidade ao redor ou que o tempo e o espaço se fundissem em explosões eternas de plasma e energia.

Os microssegundos se dilataram por segundos. Os segundos se estenderam em minutos. E os minutos em quilômetros até que, em um tradicional consenso tácito, os estudiosos decidiram por uma aventura sobre tão complexa matéria (quase uma anti-matéria).

Palavras eclodiam ingênuas e flutuavam, alheias a qualquer perigo de colisão, no rastro de fumaça dos charutos falsificados; enquanto frases nebulosas se solidificavam em conceitos mais ousados e, como não poderiam deixar de ser, assustadoramente técnicos.

Muitos termos coloquiais eram deveras misteriosos e dificultavam o aprofundamento no tema; esses foram substituídos, segregados, desassociados e, em alguns casos, até mesmo extintos. Novas definições surgiram à luz do brilhantismo acadêmico, e alusões geniais eclodiam com a força de vulcões despertos.

A definição de mulher a associou a astros brilhantes no centro de sistemas planetários independentes, da qual derivou a teoria central do grupo; astros esses emissores de luz, calor constante e mantenedores de pequenos planetas presos em órbitas ao seu redor por toda a eternidade. Alguns sistemas solares eram compostos de centenas de planetas, de todas os tamanhos, cores e constituições químicas; outros, compostos de poucos planetóides, recebiam visitas nada freqüentes de astros livres ou cometas apressados; havia aqueles sistemas, ainda, em que o sol brilhava sozinho, mas nem por isso menos onipotente.

Constantes rodadas de refrigerante eram pedidas enquanto os olhares geniais se esforçavam abertos sob o efeito da pouca cafeína. Era sempre animadora para esses homens a descoberta de constelações e campos magnéticos novos. Infelizmente, tudo se resumia a isso.

Observadores curiosos veriam, apenas, doidos apaixonados por seus códigos e referências; enquanto o astrônomo em dúvida - aquele teoricamente apaixonado - concluiria que todos os seus companheiros compartilhavam dos seus mesmos sentimentos: uma paixão enorme pelos astros e, acima de tudo, pelas teses sobre seus comportamentos.

Divertido era falar, conjecturar, calcular e comparar. Como qualquer teoria no universo, tudo era tão distante e improvável. Para os tímidos astrônomos, tais referências não passavam de números em uma fórmula abissal e complexa, rabiscada sobre uma quantidade razoável de guardanapos; Nem por isso, menos excitante.

O mesmo observador - até por mais distraído que seja - não perceberia que, talvez, fosse isso o mais próximo que qualquer um pudesse chegar de uma solução para tamanhas conjecturas. Mas enfim, quem seria ele para contestar, senão mais um entre os míseros aglomerados de rocha fria, perdidos na órbita silenciosa em volta das enormes e perigosas bolas de fogo?


22/março/2006