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Normal seria acreditar que nessa hora eu pensaria apenas na mulher amada; no mínimo na minha mãezinha já falecida ou até mesmo na velha casa de tijolos onde cresci. O curioso mesmo era que tudo que me vinha à mente eram meias de algodão e um par de botas. Embora fosse mais uma noite nublada e sem lua, o fogo gerado pelas explosões constantes dos bombardeios iluminava quilômetros de floresta. Havia dias que eu não conseguia dormir; semanas que não comia direito; e meses que sequer trocava de roupa ou tomava banho. Acho que o fato delas serem de algodão nem importava tanto. Eu estava sozinho em uma pequena trincheira, tingida sobre a neve com sangue de, pelo menos, cinco soldados do meu batalhão. Ordens e gritos de dor e sofrimento ecoavam abafados e longínquos, embora gerados há poucos metros de distância. O cerco do inimigo fechou rapidamente nos últimos dias e aniquilação total era questão de espaço: já que espaço e tempo não se confundem. Pensando melhor, eu podia ficar muito bem sem as meias. As balas zuniam sobre minha cabeça e afetavam minha respiração e concentração. Mãos molhadas e sujas de barro se aqueciam no metal ardente do rifle recém acionado. O pelotão avançava pra morte certa e eu via capitães liderando os homens com honra e insanidade. Eu não tinha medo algum e regozijava um sentimento de tranqüilidade e orgulho consumindo meus braços e abdômen. Saltei de meu posto com os dentes cerrados, gritando em harmonia com os colegas palavras vikings de guerra, atirando em sombras distantes e lamentando, unicamente, a infelicidade de morrer de pés descalços.

21/fevereiro/2006