<meta name='google-adsense-platform-account' content='ca-host-pub-1556223355139109'/> <meta name='google-adsense-platform-domain' content='blogspot.com'/> <!-- --><style type="text/css">@import url(https://www.blogger.com/static/v1/v-css/navbar/3334278262-classic.css); div.b-mobile {display:none;} </style> </head><body><script type="text/javascript"> function setAttributeOnload(object, attribute, val) { if(window.addEventListener) { window.addEventListener('load', function(){ object[attribute] = val; }, false); } else { window.attachEvent('onload', function(){ object[attribute] = val; }); } } </script> <div id="navbar-iframe-container"></div> <script type="text/javascript" src="https://apis.google.com/js/platform.js"></script> <script type="text/javascript"> gapi.load("gapi.iframes:gapi.iframes.style.bubble", function() { if (gapi.iframes && gapi.iframes.getContext) { gapi.iframes.getContext().openChild({ url: 'https://www.blogger.com/navbar/11751586?origin\x3dhttp://beponto.blogspot.com', where: document.getElementById("navbar-iframe-container"), id: "navbar-iframe" }); } }); </script>

A forte chuva que castigara a cidade durante toda a madrugada trazia uma sensação melancólica de frescor à última manhã de primavera. O sol tímido nascia desprotegido das nuvens e refletia raios trêmulos sobre sua face pálida e adormecida. Olhos pequenos, perfeitamente delineados em um rosto pobre de expressões, ensaiavam aberturas sem ritmo, quando o cheiro adocicado do enxofre a despertou completamente.

- Puta que o pariu? Como algo assim pôde dar errado? - Ela pensou.

Sem conseguir movimentar as pernas ou braços, estranhou a incapacidade em sentir a maciez do velho tapete de pêlo de urso sob seu corpo; legítimo. A cabeça perambulava ao redor enquanto os olhos, ainda desacostumados à claridade, focalizaram o revólver caído a poucos centímetros de seus pés. Sentia o gosto de sangue e de pólvora na boca e sabia que havia, realmente, criado coragem. Possivelmente, e em um lance de azar, a bala teria se alojado na medula e refletia sobre a ironia do uso da palavra "azar" nessa sentença quando avistou o telefone sobre o balcão, distante uma vida inteira. Sobre o esse piscava uma pequena luz vermelha a qual a utilidade ela desconhecia. Mesmo que o alcançasse, para quem ligaria? Não tinha amigos, desconhecia a família e foi incapaz de manter vivo um simples peixe dourado. Por esse motivo resolveu se privar da vida; de forma rápida e decidida. Mas falhou e morreria ali, sozinha, definhando lentamente enquanto o corpo se auto-consumia; imaginando se a luz que piscava sobre o aparelho pudesse ser, mesmo que por engano, um registro de recado de alguém.


10/abril/2006