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Sentado em um canto escuro, sozinho, me afundava em conflitos existenciais e doses constantes de um conhaque húngaro de péssima qualidade. Era uma daquelas noites frias de outono, que com sua pouca umidade concentravam estáticos, frente ao meu rosto, blocos de fumaça de um apático charuto – herança do avô falecido. Meus olhos refletiam um brilho explosivo a cada tragada, e trechos de Shakespeare angustiavam minha alma.

Eu queria morrer... ou desaparecer. Tanto fazia.

As mãos suavam rios de desespero e as poucas imagens que me vinham à mente desconstruiam as memórias de um Romeu apaixonado. Morrer com uma adaga enterrada no coração, deitado sobre o corpo envenenado da amada seria um prazer, frente a todo o meu tormento. Pelo menos, eu a teria sempre por perto. Morta, mas ao meu lado.

Meus olhos lacrimejavam, com cautela, no intuito de privar a face de marcas profundas da confissão. Eu havia errado. Não uma, mas oito vezes. De maneiras semelhantes, mas com intenções diversas. Os amigos culpavam a minha inclinação cômica, enquanto eu ria internamente da ironia frente a inevitável tragédia. O amor, que outrora dirigia nossos corpos em coreografias naturalistas, se perdeu em contos infantis do século passado.

A insanidade agora me controlava, com certeza. Vozes vindo detrás das paredes se agitavam em meus ouvidos. Logo em seguida, sons abafados soavam neutros, aquecendo o meu sangue e revitalizando minha atenção. Saltei da poltrona, ágil como um felino, e antes que pudesse organizar minhas emoções, estava com o rosto embrulhado em tecido escuro. Sem Julieta, nada fazia sentido. Tudo não passava de ensaios perdidos em uma realidade paralela.

Entrei de cabeça erguida e encarei todas as vozes, que envergonhadas, se recolheram. No mesmo instante, uma luz, tão forte como a do sol, surgiu pálida no horizonte. Dei um último passo e, pra surpresa de todos – até daqueles que se diziam amigos – me pus a recitar outro texto, que não o esperado, mas do próprio dramaturgo inglês. Dessa vez, uma comédia. Mas não uma qualquer, senão ‘A Comédia dos Erros’.

14/novembro/2005