Tomávamos banho juntos... e era apenas isso! Em menos de três semanas de tão peculiar intimidade eu comecei a chamá-la de Charlotte – como no livro. Era uma aranha de tronco pequeno, patas finas bem compridas, coloração escura e de pouquíssima personalidade. Impressionava-me o fato dela não ter medo algum de água. Charlotte se tornou uma grande amiga, companheira e, ate certo ponto, atenciosa. Eu entrava debaixo do chuveiro e lá estava ela, atenta a todos os meus movimentos e sedenta pelos nossos diálogos.
Chegava a ser terapêutico, uma vez em que só discutíamos os meus problemas, minhas idéias e sentimentos – talvez pelo fato dela ser tão introspectiva. Os assuntos se esgotavam tão rápido quanto os novos surgiam e os banhos vinham se tornando mais longos na proporção em que nossa amizade aumentava.
Charlotte sumia às vezes, e numa velocidade impressionante. Era o tempo de eu me virar pra pegar um xampu e ela tinha desaparecido. Confesso que jamais dei importância a essas fugas, mas cheguei a ponderar, vez ou outra, sobre os locais onde ela poderia se esconder; além da velocidade com a qual realizava tamanha proeza!
Certa vez, enquanto filosofávamos sobre a escassez de alimentos (leia-se moscas e pequenos insetos) dentro de um banheiro em comparação com a de um jardim, Charlotte realizou uma de suas escapadinhas. Pensei, até, que a tivesse aborrecido com o assunto e ao contrário de minhas atitudes passadas, resolvi, dessa vez, saciar minha curiosidade e ir em busca de Charlotte... Procurei entre o espaço da janela, atrás da torneira, ao lado dos frascos de condicionador, dentro da esponja...
Era uma grande amizade que nos unia, pelo menos, no meu ponto de vista, e que animava o horário do banho. Unilateralmente, uma amizade é saudável até certo ponto; o ponto em que se torna fatal. Charlotte estava, não tão obviamente, dentro da esponja. Picou a minha mão como a um inimigo mortal. Logo eu, que me considerava seu melhor amigo... como ela pôde pensar diferente, depois de tudo pelo que passamos?
Nunca imaginei que Charlotte fosse capaz de me infringir mal algum pois era extremamente pequena e, aparentemente, inofensiva. Escorreguei pela parede, sentindo a torrente de água escorrer pela minha cabeça e corpo, enquanto repassava devagar todas as imagens que ilustravam o nosso relacionamento; tentando achar algo que explicasse esse comportamento... mas, o veneno foi mais forte e bem mais rápido do que isso.
Chegava a ser terapêutico, uma vez em que só discutíamos os meus problemas, minhas idéias e sentimentos – talvez pelo fato dela ser tão introspectiva. Os assuntos se esgotavam tão rápido quanto os novos surgiam e os banhos vinham se tornando mais longos na proporção em que nossa amizade aumentava.
Charlotte sumia às vezes, e numa velocidade impressionante. Era o tempo de eu me virar pra pegar um xampu e ela tinha desaparecido. Confesso que jamais dei importância a essas fugas, mas cheguei a ponderar, vez ou outra, sobre os locais onde ela poderia se esconder; além da velocidade com a qual realizava tamanha proeza!
Certa vez, enquanto filosofávamos sobre a escassez de alimentos (leia-se moscas e pequenos insetos) dentro de um banheiro em comparação com a de um jardim, Charlotte realizou uma de suas escapadinhas. Pensei, até, que a tivesse aborrecido com o assunto e ao contrário de minhas atitudes passadas, resolvi, dessa vez, saciar minha curiosidade e ir em busca de Charlotte... Procurei entre o espaço da janela, atrás da torneira, ao lado dos frascos de condicionador, dentro da esponja...
Era uma grande amizade que nos unia, pelo menos, no meu ponto de vista, e que animava o horário do banho. Unilateralmente, uma amizade é saudável até certo ponto; o ponto em que se torna fatal. Charlotte estava, não tão obviamente, dentro da esponja. Picou a minha mão como a um inimigo mortal. Logo eu, que me considerava seu melhor amigo... como ela pôde pensar diferente, depois de tudo pelo que passamos?
Nunca imaginei que Charlotte fosse capaz de me infringir mal algum pois era extremamente pequena e, aparentemente, inofensiva. Escorreguei pela parede, sentindo a torrente de água escorrer pela minha cabeça e corpo, enquanto repassava devagar todas as imagens que ilustravam o nosso relacionamento; tentando achar algo que explicasse esse comportamento... mas, o veneno foi mais forte e bem mais rápido do que isso.
24/outubro/2005
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