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Havia encontrado seu refúgio em uma cidade pequena, afastada de tudo, onde as terças-feiras tinham cheiro de quarta, e só chovia durante a madrugada. Acreditava que em pouco tempo resolveria o maior dos seus problemas: era só escrever uma carta; e nem precisava ser tão longa. Passava os dias sob as águas da cachoeira, tentando disfarçar as lágrimas que lhe escorriam dos olhos. Comia pouco, e ao som de Blues da década de 70, mergulhava nas tardes e noites rascunhando suas dores. Vinha um bloco de papel atrás do outro; e atrás do outro; atrás do outro... O sentido do texto era tão simplório que cobrava muito das palavras necessárias para expressá-lo e, mesmo não sendo do tipo rigoroso, tinha receios quanto ao que ela fosse pensar. Oito anos se passaram, e o volume de uma biblioteca inteira escorreu pelas tintas nos papéis. Afinal, podia ser também uma carta bem curta. Dormia sob as estrelas e acordava, a cada dia, com a confiança de que seria esse o último de seu interminável sofrimento. Mas nada ficava em seu lugar. As letras pareciam fachos de luz tentando se firmar em uma escuridão eterna. Horas se intercalavam como estações completas, e em poucas semanas as juntas enferrujaram e o corpo castigado hesitou em se mover. Internado em um quarto isolado, recebeu de uma criança que ali passava uma bala por piedade. Abriu-a com dificuldades e colocou na boca a pequena pedrinha cor-de-marfim. Fechou os olhos enquanto saboreava o gosto azedo, seguido de perto por reflexos doces, e que de nada apaziguavam o fluxo constante e desordenado de frases e mais frases que lhe atormentavam o pensamento. Nem mesmo um bilhete havia conseguido redigir. Brincou com o pequeno papel aluminado entre os dedos velhos e percebeu ali pequenas inscrições. Emocionado, morreu em paz, no momento em que uma última lágrima escorria até metade da bochecha e parava; refletindo, pelo pouquíssimo tempo antes de evaporar, nada mais do que uma única e simples palavra: aplucsed.

21/julho/2006