<meta name='google-adsense-platform-account' content='ca-host-pub-1556223355139109'/> <meta name='google-adsense-platform-domain' content='blogspot.com'/> <!-- --><style type="text/css">@import url(https://www.blogger.com/static/v1/v-css/navbar/3334278262-classic.css); div.b-mobile {display:none;} </style> </head><body><script type="text/javascript"> function setAttributeOnload(object, attribute, val) { if(window.addEventListener) { window.addEventListener('load', function(){ object[attribute] = val; }, false); } else { window.attachEvent('onload', function(){ object[attribute] = val; }); } } </script> <div id="navbar-iframe-container"></div> <script type="text/javascript" src="https://apis.google.com/js/platform.js"></script> <script type="text/javascript"> gapi.load("gapi.iframes:gapi.iframes.style.bubble", function() { if (gapi.iframes && gapi.iframes.getContext) { gapi.iframes.getContext().openChild({ url: 'https://www.blogger.com/navbar.g?targetBlogID\x3d11751586\x26blogName\x3db.ponto\x26publishMode\x3dPUBLISH_MODE_BLOGSPOT\x26navbarType\x3dBLACK\x26layoutType\x3dCLASSIC\x26searchRoot\x3dhttps://beponto.blogspot.com/search\x26blogLocale\x3dpt_BR\x26v\x3d2\x26homepageUrl\x3dhttp://beponto.blogspot.com/\x26vt\x3d-7450663410513144746', where: document.getElementById("navbar-iframe-container"), id: "navbar-iframe" }); } }); </script>

(Publicado originalmente no blog 'Engrenagem' no mês de setembro/06 sob o tema 'Caminho'.)

Embora empregasse uma força sobre-humana para não demonstrar a dor que sentia, seus olhos o traiam produzindo cascatas de lágrimas, em uma tentativa frustrada em diluir o mar de sangue que escorria por dentre o grosso piso de palha. No que o corpo pendia para o lado, concentrava a pouca força remanescente nas mãos machucadas, firmemente agarradas ao cabo da espada curta.

Procurava esvaziar a mente com o emprego de técnicas de meditação, mas uma música antiga tocada em harpa, pela sua avó quando ainda viva, ecoava longe em um tom constante. A neve espessa cobria as cerejeiras e os jardins suspensos de pedra, e sua brancura desgastada combinava com o arranjo de madeira negra que decorava a sala.

Sentia a lâmina fria transpor o quimono em seu dorso, enquanto uma pequena corrente de ar percorreria toda sua extensão e lhe ressecava as pontas dos dedos. Hiroshi inflou com dificuldade ambos os pulmões e, assim como seu pai antes dele, a conduziu com destreza milenar ao outro lado do abdômen, rasgando-o por completo e expondo, aos presentes à cerimônia, sua vida em detalhes; pura.

Dentes lascados rasgaram com ódio o lábio inferior, que sangrava para dentro da boca; porém, mantendo-a selada. Hiroshi não emitira som algum. Seu primo, posicionado logo atrás com a enorme espada sobre a cabeça, sentiu-se orgulhoso.

Enquanto tombava para frente, incapaz de manter retesados os músculos da coluna, Hiroshi observou sua esposa no fundo da sala – imóvel – e sorriu. A honra da família Saito havia sido preservada e seus membros poderiam, novamente, caminhar pelas ruas da pequena vila com a cabeça erguida; livres de falsas acusações.

Era fim do inverno no vale sob a montanha e o funeral chamou atenção, até mesmo, do senhor das terras. Sua esposa vestia seda pela última vez. Na primavera seguinte, o Shogunato se desfazia.


(Bushidô, que em japonês significa "o caminho do guerreiro", era um código de honra não-escrito e um modo de vida para os samurais (bushi), que fornecia parâmetros para esse guerreiro viver e morrer com honra.)

15/Setembro/06