Com certeza não existia ninguém mais medroso do que eu. Devia ter uns 8 anos e morria de medo de dormir sozinho. Mais do que isso, morria de medo do escuro. Não podia ouvir um barulho que eu corria pra cama do meu irmão – e olha que ele sempre foi três anos mais novo do que eu – Uma vergonha! – minha avó dizia.
Certa vez ele viajou pra um desses acampamentos de final-de-semana com a escola; lembro-me bem de não querer ir por medo de dormir em pequenos chalés no meio da mata escura! Fiquei sozinho em casa com os meus pais. No primeiro ranger de madeiras no sótão eu voei pro quarto deles e me enfiei debaixo das cobertas em um pequeno espaço entre o dois.
Meus pais estavam completamente desconfortáveis, mas eu estava seguro... e feliz! Dormi gostoso por várias horas, até ser acordado pelo silêncio. Foi uma situação estranha e bastante inusitada. Demorei alguns minutos pra adaptar os olhos à escuridão. Minha mãe roncava baixo do meu lado direito e meu pai dialogava com ela em um ritmo semelhante.
O quarto parecia enorme para uma criança de 8 anos. A cama, redonda, ficava encostada na parede e, logo em frente, se esticava um grande armário de madeira. Tudo quieto e solitário às três horas da manhã – o pequeno brilho que iluminava o quarto vinha do rádio relógio sobre o criado mudo.
De repente, algo aconteceu. De uma pequena tomada do lado direito do quarto saiu uma rajada de luz – silenciosa – que tomou a forma de um humanóide de energia. Ele vibrava em uma velocidade incomum e sua forma variava constantemente. Meu coração quase saiu pela boca e comecei a suar frio. Acho que nunca tive tanto medo na minha vida. Tentei gritar mas não saia som algum. Meus pais não acordavam e o ser de luz caminhava lentamente até a metade do quarto, em frente a cama, aparentemente desapercebido da minha presença.
Quase molhando as calças e acreditando que as coisas não podiam ficar pior, o ser se virou em minha direção e deu alguns poucos passos – não eram bem passos; ele parecia flutuar. Tive uns 8 micro-enfartes em questão de milésimos de segundos. Temia pela minha vida e de meus pais. Minhas mãos se fechavam com força sobre a coberta. O ser olhou dentro da minha alma com seus olhos brancos reluzentes. Acho que ele até piscou – ou fui eu. Ele se inclinou em direção a cama e parou, estático – mas em movimento. Virou a cabeça em direção a parede oposta de onde tinha surgido e, num relâmpago, se desintegrou e desapareceu por outra tomada.
Todo esse episódio durou menos de um minuto; pois o relógio ainda marcava três horas da manhã. Não me lembro o que pensei ao acordar. Não me lembro se contei algo aos meus pais ou a alguém. Lembro, apenas, que continuei sendo um garoto medroso até os 16 anos.
Semana passada assistia televisão, tranqüilamente, no quarto com a minha mãe. Ele não mudara muito desde aquele época. Estava entediado com a programação e comecei a brincar com o controle remoto que – como minha mãe havia previsto minutos antes – acabou caindo no chão. Abaixei para pegá-lo e reparei, bem sem querer, que não existia tomada alguma do lado direito do quarto... e que ela nunca havia existido!
Certa vez ele viajou pra um desses acampamentos de final-de-semana com a escola; lembro-me bem de não querer ir por medo de dormir em pequenos chalés no meio da mata escura! Fiquei sozinho em casa com os meus pais. No primeiro ranger de madeiras no sótão eu voei pro quarto deles e me enfiei debaixo das cobertas em um pequeno espaço entre o dois.
Meus pais estavam completamente desconfortáveis, mas eu estava seguro... e feliz! Dormi gostoso por várias horas, até ser acordado pelo silêncio. Foi uma situação estranha e bastante inusitada. Demorei alguns minutos pra adaptar os olhos à escuridão. Minha mãe roncava baixo do meu lado direito e meu pai dialogava com ela em um ritmo semelhante.
O quarto parecia enorme para uma criança de 8 anos. A cama, redonda, ficava encostada na parede e, logo em frente, se esticava um grande armário de madeira. Tudo quieto e solitário às três horas da manhã – o pequeno brilho que iluminava o quarto vinha do rádio relógio sobre o criado mudo.
De repente, algo aconteceu. De uma pequena tomada do lado direito do quarto saiu uma rajada de luz – silenciosa – que tomou a forma de um humanóide de energia. Ele vibrava em uma velocidade incomum e sua forma variava constantemente. Meu coração quase saiu pela boca e comecei a suar frio. Acho que nunca tive tanto medo na minha vida. Tentei gritar mas não saia som algum. Meus pais não acordavam e o ser de luz caminhava lentamente até a metade do quarto, em frente a cama, aparentemente desapercebido da minha presença.
Quase molhando as calças e acreditando que as coisas não podiam ficar pior, o ser se virou em minha direção e deu alguns poucos passos – não eram bem passos; ele parecia flutuar. Tive uns 8 micro-enfartes em questão de milésimos de segundos. Temia pela minha vida e de meus pais. Minhas mãos se fechavam com força sobre a coberta. O ser olhou dentro da minha alma com seus olhos brancos reluzentes. Acho que ele até piscou – ou fui eu. Ele se inclinou em direção a cama e parou, estático – mas em movimento. Virou a cabeça em direção a parede oposta de onde tinha surgido e, num relâmpago, se desintegrou e desapareceu por outra tomada.
Todo esse episódio durou menos de um minuto; pois o relógio ainda marcava três horas da manhã. Não me lembro o que pensei ao acordar. Não me lembro se contei algo aos meus pais ou a alguém. Lembro, apenas, que continuei sendo um garoto medroso até os 16 anos.
Semana passada assistia televisão, tranqüilamente, no quarto com a minha mãe. Ele não mudara muito desde aquele época. Estava entediado com a programação e comecei a brincar com o controle remoto que – como minha mãe havia previsto minutos antes – acabou caindo no chão. Abaixei para pegá-lo e reparei, bem sem querer, que não existia tomada alguma do lado direito do quarto... e que ela nunca havia existido!
13/setembro/2005
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