Escritório A & A Advogados Associados.
Manhã de quarta-feira com céu nublado e rodízio de carros suspenso:
- Foi exatamente isso que o senhor ouviu.
- A senhora consegue ser um pouco mais específica?
- Ele é um banana, oras!!
- Entendo minha senhora. Um banana. E esse é o motivo para o divórcio?
- E precisa de outro?
- Na verdade, pra uma separação consensual, não. Basta que ambos os cônjuges concordem com o término da relação. Mas, o juiz vai questionar, sabe. Ele tem como obrigação tentar conciliar o casal. O que a senhora vai dizer pra ele quando for questionada ....
- ... que ele é um banana!
- E o senhor não tem nada a dizer?
- É claro que ele não tem nada a dizer... banana!
- Minha senhora, peço que se acalme! Vocês estão casados há...
- Trinta e dois anos! Completos semana retrasada...
- Sei.. E o seu marido...
- Sempre foi um banana, sim! Desde que o conheci!
- Não era isso o que eu queria perguntar. Mas se ele sempre foi um banana, como a senhora mesmo diz, porque está usando isso como argumento? A senhora é tão culpada quanto...
- Culpada de quê? Argumento do quê?
- Deixa pra lá. O que eu queria perguntar era se o eu marido alguma vez...
- Me traiu! Dá pro senhor acreditar nisso? Logo ele, um banana... E pior do que isso, me traiu com...
- Espere um pouco. É verdade isso Sr...
- È claro que é! Olha a cara dele!
- A senhora pode me deixar, pelo menos, terminar a pergunta?
- Não precisa ficar nervosinho...
- Não estou nervosinho... nem nervoso. Pois bem, meu senhor, o que a sua esposa disse é...
- Trágico. Como pode isso? – o senhor me responda!! Como pode, um banana desses, me trair? Logo a mim!! Logo por esse banana!
- Fica difícil assim, minha senhora! Eu...
- Também gostaria de entender o porque dessa atitude. Nunca falou nada, sempre foi quietão. Um banana caladão... mesmo quando eu tinha os meus casinhos; que, com certeza, ele nunca suspeitou de nada... e de repente, do nada, out of the blue, como dizem os americanos, esse bosta resolve me trair!
- A senhora não acha que está exagerando?
- Um merda! Concordo com o senhor, bosta já seria demais. Um elogio até.
- Não é isso. O que eu quis dizer foi que a senhora acabou de dizer também...
- Merda também seria elogio! Só banana mesmo! Um bananão.
Nesse momento, o calmo e quieto velhinho sentado confortavelmente na poltrona ao canto da sala levanta uma sobrancelha e, sem fazer gesto algum, murmura:
- Olha aqui minha querida!! Posso ate ser fruta... mas banana, não! Que falta de criatividade... que mais anos 30!
Manhã de quarta-feira com céu nublado e rodízio de carros suspenso:
- Foi exatamente isso que o senhor ouviu.
- A senhora consegue ser um pouco mais específica?
- Ele é um banana, oras!!
- Entendo minha senhora. Um banana. E esse é o motivo para o divórcio?
- E precisa de outro?
- Na verdade, pra uma separação consensual, não. Basta que ambos os cônjuges concordem com o término da relação. Mas, o juiz vai questionar, sabe. Ele tem como obrigação tentar conciliar o casal. O que a senhora vai dizer pra ele quando for questionada ....
- ... que ele é um banana!
- E o senhor não tem nada a dizer?
- É claro que ele não tem nada a dizer... banana!
- Minha senhora, peço que se acalme! Vocês estão casados há...
- Trinta e dois anos! Completos semana retrasada...
- Sei.. E o seu marido...
- Sempre foi um banana, sim! Desde que o conheci!
- Não era isso o que eu queria perguntar. Mas se ele sempre foi um banana, como a senhora mesmo diz, porque está usando isso como argumento? A senhora é tão culpada quanto...
- Culpada de quê? Argumento do quê?
- Deixa pra lá. O que eu queria perguntar era se o eu marido alguma vez...
- Me traiu! Dá pro senhor acreditar nisso? Logo ele, um banana... E pior do que isso, me traiu com...
- Espere um pouco. É verdade isso Sr...
- È claro que é! Olha a cara dele!
- A senhora pode me deixar, pelo menos, terminar a pergunta?
- Não precisa ficar nervosinho...
- Não estou nervosinho... nem nervoso. Pois bem, meu senhor, o que a sua esposa disse é...
- Trágico. Como pode isso? – o senhor me responda!! Como pode, um banana desses, me trair? Logo a mim!! Logo por esse banana!
- Fica difícil assim, minha senhora! Eu...
- Também gostaria de entender o porque dessa atitude. Nunca falou nada, sempre foi quietão. Um banana caladão... mesmo quando eu tinha os meus casinhos; que, com certeza, ele nunca suspeitou de nada... e de repente, do nada, out of the blue, como dizem os americanos, esse bosta resolve me trair!
- A senhora não acha que está exagerando?
- Um merda! Concordo com o senhor, bosta já seria demais. Um elogio até.
- Não é isso. O que eu quis dizer foi que a senhora acabou de dizer também...
- Merda também seria elogio! Só banana mesmo! Um bananão.
Nesse momento, o calmo e quieto velhinho sentado confortavelmente na poltrona ao canto da sala levanta uma sobrancelha e, sem fazer gesto algum, murmura:
- Olha aqui minha querida!! Posso ate ser fruta... mas banana, não! Que falta de criatividade... que mais anos 30!
29/setembro/2005
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