Acordei com um desejo enorme de comer ovo. Sete, pra ser mais exato. Exatamente preciso. Precisamente correto. Daqueles ovos que ficam em conserva, boiando dentro de potes sujos no balcão dos bares. Ovos espremidos entre um pé de porco e outro. Me disseram que são pés de porco. Ou patas. Matei um pato uma vez.
O ponteiro do relógio tava em 50. Minha temperatura passava dos 70, e meu coração batia a 1000. Lavei o rosto, coloquei pasta na escova e esfreguei com força dentro do nariz. Nem fez cócegas. Saí de sunga vermelha e adornei minha cabeça com um bonezinho da Ferrari (comprei ano passado lá no Autódromo. Bosta de Rubinho).
As ruas estavam como sempre. Sujas. Tinha lixo, lodo, lama, lava. E muito Miojo. Miojo pra tudo quanto era lado que grudava nos espaços entre os meus dedos descalços. Os dragões andavam em fila e, os de trás, tentavam mastigar a cabeça dos da frente. O calor infernal causado pelos três sóis (jurava que tinha só um até ontem) faziam meus poros se abrirem e eu conseguia ver através da minha mão. Tava quase invisível. Não translúcido, mas fisicamente um buraco. E eu não suava.
O quer era verde ficou preto. Preto era azul. Azul era vermelho, amarelo, rosa e muito branco. Tava tudo tão claro. Verdemente claro, e o meu cabelo caia em cachos dourados. Sei que eram dourados pq estavam sem cor. Olhava pro chão e não sabia o que era cabelo e o que era Miojo. Nem tinha tempero, nada... mas muita água. Ou podia ser sangue.
Entrei no primeiro bar. A porta era uma janela. A janela não tinha vidros, apenas uma queda d'água. Água benta. Deitei do lado de um tigre dentes-de-sabre e implorei por pouco de desodorante. Podia ser de morango. Mas não era fruta de estação, era? Dane-se, eu tava invisível mesmo.
Pedi um ovo de codorna. Não tinha. Veio de avestruz. Não tinha sal também, mas tinha o suor do tigre. Limpei o pelo e mordi... com muita força. Só quebrei um dente dessa vez e isso me trouxe uma alegria tão grande que consegui dormir sossegado, sem me sufocar com o sangue que escorria pra dentro da minha garganta. Boca seca com gosto de ferro. De cor verde.
O ponteiro do relógio tava em 50. Minha temperatura passava dos 70, e meu coração batia a 1000. Lavei o rosto, coloquei pasta na escova e esfreguei com força dentro do nariz. Nem fez cócegas. Saí de sunga vermelha e adornei minha cabeça com um bonezinho da Ferrari (comprei ano passado lá no Autódromo. Bosta de Rubinho).
As ruas estavam como sempre. Sujas. Tinha lixo, lodo, lama, lava. E muito Miojo. Miojo pra tudo quanto era lado que grudava nos espaços entre os meus dedos descalços. Os dragões andavam em fila e, os de trás, tentavam mastigar a cabeça dos da frente. O calor infernal causado pelos três sóis (jurava que tinha só um até ontem) faziam meus poros se abrirem e eu conseguia ver através da minha mão. Tava quase invisível. Não translúcido, mas fisicamente um buraco. E eu não suava.
O quer era verde ficou preto. Preto era azul. Azul era vermelho, amarelo, rosa e muito branco. Tava tudo tão claro. Verdemente claro, e o meu cabelo caia em cachos dourados. Sei que eram dourados pq estavam sem cor. Olhava pro chão e não sabia o que era cabelo e o que era Miojo. Nem tinha tempero, nada... mas muita água. Ou podia ser sangue.
Entrei no primeiro bar. A porta era uma janela. A janela não tinha vidros, apenas uma queda d'água. Água benta. Deitei do lado de um tigre dentes-de-sabre e implorei por pouco de desodorante. Podia ser de morango. Mas não era fruta de estação, era? Dane-se, eu tava invisível mesmo.
Pedi um ovo de codorna. Não tinha. Veio de avestruz. Não tinha sal também, mas tinha o suor do tigre. Limpei o pelo e mordi... com muita força. Só quebrei um dente dessa vez e isso me trouxe uma alegria tão grande que consegui dormir sossegado, sem me sufocar com o sangue que escorria pra dentro da minha garganta. Boca seca com gosto de ferro. De cor verde.
19/agosto/2005
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