Existem coisas piores do que dor no estômago. E olha que eu estava vomitando os intestinos. O cheiro da bile, misturado com o ácido gástrico, era forte e me deixava mais enjoado. Porra, tinha vômito sobre meu peito inteiro, e escorrendo pelas minhas costas... reflexo da ação do veneno.
Pior que dor no estômago e vômito constante é a falta de ar... e não era tudo! Eu tinha pouco espaço pra me movimentar. Meus braços ficavam melhor acomodados sobre o peito, todo molhado e repleto de pedaços de tomates, que comi no almoço. E terra. Eu já estava ficando tonto com o excesso de gás carbônico dentro da caixa; pelo menos, isso me trazia uma falsa sensação de tranqüilidade.
Era uma caixa de madeira improvisada. As tábuas tinham sido pregadas sobre uma armação de ferro fundido e havia espaços grandes entre elas, por onde toda a terra entrava. Agora começo a ficar na dúvida, mas acho que inexiste coisa pior do que ser enterrado vivo. Enterrado vivo e envenenado, coberto de vômito e terra. Deve ser uma sensação terrível, se eu não estivesse tão tonto pela falta de oxigênio pra pensar sobre isso. Foda é lutar contra o sono, organizar os pensamentos... para de pensar na Aninha. Ah... a Aninha, meu amor.
Conheci a Aninha numa dessas festas chatas de amigos. Amigos não sei de quem pois, com certeza, não eram meus. Não me lembro que droga eu estava fazendo lá; tava de penetra, pra variar. Lembro que, pra combater o tédio e a chateação – porque essas festas são realmente muito chatas - comecei a beber quase tudo que havia disponível... e a contar piadas.
Acho que fui sumariamente expulso da festa, pois acordei desorientado na garagem do prédio, dentro do depósito de lixo. Deve ter sido a piada do padre pedófilo; ou pode ter sido o fato de eu ter mijado nas plantas da sala... merda. Bom, era bola pra frente e esquecer o que aconteceu – se bem que eu não lembrava muito mesmo. Foda-se, vou foder com eles, porque não? Quebrei o vidro da BMW de um bacana – que eu me recordava, vagamente, só podia ser de um dos putos da festa que não parava de comentar sobre seu novo brinquedinho equipado com motor V8. Piada... Fiz uma ligação dupla e saí cantando pneu por entre os pilares da garagem... Sabe como essas garagens são apertadas... há!
Mal tinha acabado de entrar na rodovia, tive que parar para vomitar. O vermelho do sangue era predominante. Provavelmente, uma hemorragia interna... Entrei de volta na BMW e, quando me preparava pra sair, ouvi um barulho vindo do porta-malas. Que porra? Será que o puto guarda uma cobra, ou algum outro bicho no porta-malas? Peguei a droga do extintor de incêndio – droga mesmo, pois era tão pequeno que eu teria sorte se conseguisse esmagar uma formiga com ele - saí do carro e apertei o botão no controle eletrônico... pronto pra acertar o que quer que saísse daquela mala.
... mas que merda?? Não dava pra acreditar. Fiquei tão assustado que quase a arrebentei com o extintor. Era uma bonequinha de luxo. Um porra de uma bonequinha de luxo... o cusão subiu pra festa e deixou seu bibelô trancafiado dentro do carrão; com sua pele pálida - como se nunca tivesse saído daquele porta-malas e visto a cor do sol -, seus cabelos vermelhos contrastantes com o brilho das correntes que se enrolavam sobre suas roupas apertadas de couro.
... vomitei novamente.
Desorientado e com dúvidas sobre o que fazer, fechei o porta-malas e deixei-a lá.. deitada... presa.. amordaçada.
Cheguei em casa e quase detonei o carro no portão da entrada. Uns garotos da vizinhança estavam passando pela rua e eu larguei a BMW na mão deles... – Podem zoar.. mas sumam com ele!
A rapaziada já estava pronta pra sair quando eu lembrei do objeto sexual preso ao estepe... Mandei eles aguardarem. Ordenei que abrissem o porta-malas; e eu a tirei de lá.
Um dos espertinhos até começou a formular uma piada... mas meu braço foi mais rápido e meus punhos tiraram uns dois dentes da boca do infeliz. Por aqui tem que ser assim... conquistar o respeito.
O puto a chamava de Janice... mas descobri, três meses depois, que se chamava Aninha. Ela morou comigo todo esse tempo... ficava no quarto ao lado do meu. Demorou um mês até se acostumar com as roupas normais que eu havia lhe trazido e se desfazer do couro e das correntes. Mais um mês para que começasse a falar.
Eu a tratava como um animal de estimação. Dava comida, água e um presentinho, vez ou outra. Mas comecei a gostar disso... perdi a graça em beber, parei de sair... até comecei a ler. Porra.. ler!
Já haviam se passado oito meses, e a Aninha começava a perder o medo de sair de casa. Íamos juntos à praça, na quadra de baixo. Íamos ao parque. Conversávamos bastante e a Aninha se mostrou uma mulher inteligente e carinhosa, embora completamente submissa... e dependente.
Conclusão inevitável. Era noite, tínhamos ido ao cinema, depois jantado em um restaurante – era a primeira vez que Aninha comia fora de casa – passeado de carro ao redor do parque, iluminado pela lua cheia... eu a beijei... no que ela me retribuiu.
Saí do carro e, mais uma vez - depois de meses - vomitei.
Apaixonei-me perdidamente por Aninha, e ela por mim. Foram dois anos de muito amor, muito companheirismo e muito sexo gostoso. Éramos só nós dois... completamente alheios do mundo, e perdidos em nosso ninho de carícias e segredos... até que Aninha reencontrou o puto.
Era óbvio na minha cabeça que, depois de tudo que eu fiz; depois de tudo que eu mostrei, ensinei e reivindiquei por ela, nenhuma pessoa, em seu estado normal de suas habilidades racionais, largaria isso.. assim.
Mas agora, banhado em vômito, penso que talvez seja da natureza do homem achar que tem a solução para os problemas das mulheres; que achamos que o nosso ‘jeito’ é o correto... que somos bons e insubstituíveis.
Era da natureza de Aninha ser amarrada, sodomizada, mal-tratada, violentada... e ela gostava disso. E eu não percebi, cego por meu ego de professor e mestre, até ser tarde de mais.
Pela primeira vez, ela não estava amarrada ao estepe no porta-malas do puto... pois eu estava lá; me retorcendo e sofrendo com os espasmos musculares. O veneno era forte e eu o ingeri todinho... adoro bombas de chocolate.
Pior que ser enterrado vivo é morrer amando Aninha...
Pior que dor no estômago e vômito constante é a falta de ar... e não era tudo! Eu tinha pouco espaço pra me movimentar. Meus braços ficavam melhor acomodados sobre o peito, todo molhado e repleto de pedaços de tomates, que comi no almoço. E terra. Eu já estava ficando tonto com o excesso de gás carbônico dentro da caixa; pelo menos, isso me trazia uma falsa sensação de tranqüilidade.
Era uma caixa de madeira improvisada. As tábuas tinham sido pregadas sobre uma armação de ferro fundido e havia espaços grandes entre elas, por onde toda a terra entrava. Agora começo a ficar na dúvida, mas acho que inexiste coisa pior do que ser enterrado vivo. Enterrado vivo e envenenado, coberto de vômito e terra. Deve ser uma sensação terrível, se eu não estivesse tão tonto pela falta de oxigênio pra pensar sobre isso. Foda é lutar contra o sono, organizar os pensamentos... para de pensar na Aninha. Ah... a Aninha, meu amor.
Conheci a Aninha numa dessas festas chatas de amigos. Amigos não sei de quem pois, com certeza, não eram meus. Não me lembro que droga eu estava fazendo lá; tava de penetra, pra variar. Lembro que, pra combater o tédio e a chateação – porque essas festas são realmente muito chatas - comecei a beber quase tudo que havia disponível... e a contar piadas.
Acho que fui sumariamente expulso da festa, pois acordei desorientado na garagem do prédio, dentro do depósito de lixo. Deve ter sido a piada do padre pedófilo; ou pode ter sido o fato de eu ter mijado nas plantas da sala... merda. Bom, era bola pra frente e esquecer o que aconteceu – se bem que eu não lembrava muito mesmo. Foda-se, vou foder com eles, porque não? Quebrei o vidro da BMW de um bacana – que eu me recordava, vagamente, só podia ser de um dos putos da festa que não parava de comentar sobre seu novo brinquedinho equipado com motor V8. Piada... Fiz uma ligação dupla e saí cantando pneu por entre os pilares da garagem... Sabe como essas garagens são apertadas... há!
Mal tinha acabado de entrar na rodovia, tive que parar para vomitar. O vermelho do sangue era predominante. Provavelmente, uma hemorragia interna... Entrei de volta na BMW e, quando me preparava pra sair, ouvi um barulho vindo do porta-malas. Que porra? Será que o puto guarda uma cobra, ou algum outro bicho no porta-malas? Peguei a droga do extintor de incêndio – droga mesmo, pois era tão pequeno que eu teria sorte se conseguisse esmagar uma formiga com ele - saí do carro e apertei o botão no controle eletrônico... pronto pra acertar o que quer que saísse daquela mala.
... mas que merda?? Não dava pra acreditar. Fiquei tão assustado que quase a arrebentei com o extintor. Era uma bonequinha de luxo. Um porra de uma bonequinha de luxo... o cusão subiu pra festa e deixou seu bibelô trancafiado dentro do carrão; com sua pele pálida - como se nunca tivesse saído daquele porta-malas e visto a cor do sol -, seus cabelos vermelhos contrastantes com o brilho das correntes que se enrolavam sobre suas roupas apertadas de couro.
... vomitei novamente.
Desorientado e com dúvidas sobre o que fazer, fechei o porta-malas e deixei-a lá.. deitada... presa.. amordaçada.
Cheguei em casa e quase detonei o carro no portão da entrada. Uns garotos da vizinhança estavam passando pela rua e eu larguei a BMW na mão deles... – Podem zoar.. mas sumam com ele!
A rapaziada já estava pronta pra sair quando eu lembrei do objeto sexual preso ao estepe... Mandei eles aguardarem. Ordenei que abrissem o porta-malas; e eu a tirei de lá.
Um dos espertinhos até começou a formular uma piada... mas meu braço foi mais rápido e meus punhos tiraram uns dois dentes da boca do infeliz. Por aqui tem que ser assim... conquistar o respeito.
O puto a chamava de Janice... mas descobri, três meses depois, que se chamava Aninha. Ela morou comigo todo esse tempo... ficava no quarto ao lado do meu. Demorou um mês até se acostumar com as roupas normais que eu havia lhe trazido e se desfazer do couro e das correntes. Mais um mês para que começasse a falar.
Eu a tratava como um animal de estimação. Dava comida, água e um presentinho, vez ou outra. Mas comecei a gostar disso... perdi a graça em beber, parei de sair... até comecei a ler. Porra.. ler!
Já haviam se passado oito meses, e a Aninha começava a perder o medo de sair de casa. Íamos juntos à praça, na quadra de baixo. Íamos ao parque. Conversávamos bastante e a Aninha se mostrou uma mulher inteligente e carinhosa, embora completamente submissa... e dependente.
Conclusão inevitável. Era noite, tínhamos ido ao cinema, depois jantado em um restaurante – era a primeira vez que Aninha comia fora de casa – passeado de carro ao redor do parque, iluminado pela lua cheia... eu a beijei... no que ela me retribuiu.
Saí do carro e, mais uma vez - depois de meses - vomitei.
Apaixonei-me perdidamente por Aninha, e ela por mim. Foram dois anos de muito amor, muito companheirismo e muito sexo gostoso. Éramos só nós dois... completamente alheios do mundo, e perdidos em nosso ninho de carícias e segredos... até que Aninha reencontrou o puto.
Era óbvio na minha cabeça que, depois de tudo que eu fiz; depois de tudo que eu mostrei, ensinei e reivindiquei por ela, nenhuma pessoa, em seu estado normal de suas habilidades racionais, largaria isso.. assim.
Mas agora, banhado em vômito, penso que talvez seja da natureza do homem achar que tem a solução para os problemas das mulheres; que achamos que o nosso ‘jeito’ é o correto... que somos bons e insubstituíveis.
Era da natureza de Aninha ser amarrada, sodomizada, mal-tratada, violentada... e ela gostava disso. E eu não percebi, cego por meu ego de professor e mestre, até ser tarde de mais.
Pela primeira vez, ela não estava amarrada ao estepe no porta-malas do puto... pois eu estava lá; me retorcendo e sofrendo com os espasmos musculares. O veneno era forte e eu o ingeri todinho... adoro bombas de chocolate.
Pior que ser enterrado vivo é morrer amando Aninha...
08/julho/2004
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